telegramas

eu nunca soube explicar o porque, mas eles não ficaram juntos. acho que nem o destino explica.

ele seguiu um caminho. viveu dias, anos, sem nunca mais encontrá-la. ela seguiu o caminho dela, mudou a vida, mudou o rumo, a cidade. ele sorriu, cresceu, chorou, amadureceu, envelheceu. ela? ela conquistou, abraçou o mundo, colocou em seu olhar brilho, mas chorou. ele? tocou johnny cash, sonhou, escreveu e se escondeu. ela dançou, esperou, escreveu um livro, dormiu todas as noites esperando que ele escrevesse, ela abraçou. ele escreveu. ela não leu. ele virou saudade. ela virou música. ele nunca soube explicar, porque fechou a porta e foi embora. ela nunca entendeu quem se despediu primeiro, mesmo que tenha sido ela - ele dizia -. ele caminhou e esperou, aprendeu a correr, mas nunca chegou a tempo. ela olhou o relógio, adiantou os ponteiros para o tempo passar. ele sempre se atrasou. ela sorriu. ele sorriu. ela em um tempo, ele em outro. se existe um caminho no meio do espaço, os dois estavam a passo de se cruzarem. ela escolheu uma música. ele escutou. ela sentiu falta. ele nunca quis um ponto final. ele combina com ela. ela combina com ele. ela é colorida como flor. ele tem cor única. ela gostava do sorriso dele. ele gostava da risada dela. ela virou falta. ela virou saudade. ele virou saudade. ele virou falta. ela virou tempo. ele virou papel empoeirado. eles eram plural. depois ele e ela viraram singular. viram plural de outros eles e elas.
ele a amava. ele a ama. ela? eu só posso dizer que ele escuta a mesma música que ela. e que ele nunca se despediu. e nunca enviou aquele telegrama. 



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